"Não sou uma ONG, tenho empresas", afirma a empreendedora social
Reprodução/InstagramAos 25 anos, Monique Evelle é uma expert em fazer negócios e acaba de lançar a sua quarta empresa. Com foco em periferia, a empreendedora foi reconhecida pela Revista Forbes como uma das personalidades com menos de 30 anos que estão fazendo a diferença. Ela se considera uma ativista, mas dispara: “As pessoas olham para mim e já pensam ‘é militante’. Eu sou militante, mas também empresária. Não é uma coisa só”.
A empreendedora nasceu na periferia de Salvador, capital baiana, e considera natural que o trabalho seja voltado para a inclusão de profissionais periféricos no mercado de trabalho. "Eu não tenho amnésia histórica e a periferia é mais criativa", rebate.
E é o que propõe a agência de publicidade Responsa, último negócio de Monique em parceria com a agência Bullet, que é composta apenas por profissionais das quebradas de São Paulo.
“Grandes marcas estão achando que vão conseguir fazer campanha de produtos ou serviços com foco em periferia sem ter a periferia dentro”, chama a atenção. “Mas eles não conseguem ter esse olhar, então o Responsa vai fazer a ponte. Nada sobre nós, sem nós”, completa Monique.
Não é filantropia, é ativismo com dinheiro. É assim que Monique define o seu trabalho como empreendedora social e garante que não há nada surpreendente no que faz. “Eu só trabalho com pessoas melhores do que eu e, por incrível que pareça, só consigo encontrá-las na periferia”, afirma. Para ela, as outras empresas não sabem identificar talentos e potências nos territórios periféricos.
Ela prefere não usar o discurso de inclusão e critica a forma como as empresas têm tratado a diversidade. “Colocam duas pessoas negras num time de cem funcionários e acham que tá maravilhoso. Unidade não é diversidade”. Monique explica que cria coisas que geram impacto na periferia e, consequentemente, para negros.
Ela também é palestrante e já fez dois TEDX
Reprodução/Instagram“As pessoas não perguntam qual o meu negócio e já acham que é uma ONG. Não faço filantropia, tento fazer girar a grana. É sobre dinheiro, é a periferia que movimenta esse país”, afirma a empreendedora.
Nas outras três empresas que possui, Monique trabalha com hub de inteligência cultural e reputação para marcas, projetos editoriais com imersão em temas que impactam o comportamento e as relações humanas e consultoria de resoluções para empresas.
A dica de Monique para pessoas da periferia que querem empreender é entender que não será um conto de fadas. “A gente vai viver algumas frustrações, mas vai passar. Não é porque alguém criou e deu certo que você tem que fazer igual”, afirma. Em novembro, ela lança um livro sobre dicas sem romantismo, com um olhar estratégico sobre o que é empreender.
Ela é formada em Política e Gestão da Cultura pela Universidade Federal da Bahia e, atualmente, faz pós graduação em Inovação Tecnológica. “Estudo muito a história do Brasil e Economia, costumo ler os clássicos para concordar ou não. Mas não decido nada sozinha, recorro a muita gente”, afirma.