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Quem vê Delfina Carle hoje não é capaz de imaginar que, há 4 anos, ela estava pele e osso. A jovem argentina compartilhou sua história no Twitter, garantindo que está muito melhor agora. Ao site Infobae, a garota de 18 anos contou como a anorexia quase tirou sua vida.
Como muitas vítimas da doença, Delfina não achava que estava magra e continuava querendo perder peso. Na noite em que percebeu que havia chegado no fundo do poço, Delfina tinha 14 anos e pesava 35 quilosReprodução/Twitter
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Os pais da jovem a levaram de Daireaux, sua cidade natal, a Buenos Aires para que ela fizesse exames. Ela não se encaixava no perfil 'clássico' de uma vítima de anorexia, pois tinha consciência de que estava magra. Naquele momento, ela pesava 40 quilos. Quiseram confirmar a suspeita.
— Ao receber os resultados dos testes, os médicos me disseram: 'Você vai ser hospitalizada. Você está com peso muito baixo, você não pode sair, não pode ir a pé'. Ouvir a palavra "anorexia" pela primeira vez foi devastador.
Delfina conta que ela os pais se abraçaram e choraram, mas este ainda não foi o ponto de viradaReprodução/Twitter
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No hospital, Delfina começou a pesquisar sobre 'anorexia' on-line e encontrou páginas de meninas que encorajavam outras a parar de comer.
— Se eu sou anoréxica é isso que eu tenho que fazer, pensei. Parei de comer e em poucos dias cheguei a pesar 35 quilos. Eles me levavam para o banheiro em uma cadeira de rodas. Eu estava no terceiro ano do ensino médio, não imaginei que perderia o ano todoReprodução/Twitter
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Ela passou dias internada e, como se recusava a comer, precisou ser alimentada por uma sonda.
— Uma madrugada acordei desesperada, não conseguia respirar, minha mãe correu para pedir ajuda e uma equipe de médicos detectou que a sonda se curvou. O fluido foi para os pulmões. Eu sangrava pela boca, pelo nariz e, naquele momento, prometi para minha mãe que voltaria a comerReprodução/Twitter
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Ele recebeu alta quando estava estável, com a indicação de que deveria ficar em Buenos Aires para fazer um tratamento de reabilitação com uma equipe interdisciplinar. Só voltou para casa meses depois.
A anorexia parecia sob controle, mas geralmente a doença não é tão fácil de domar. O que se seguiu foram períodos de estabilidade, intercalados por períodos de recaídaReprodução/Twitter
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Delfina diz que se considerava muito magra, mas queria perder ainda mais peso.
— Comecei a tomar laxantes, porque eu queria tirar tudo de dentro de mim, mesmo que tivesse comido só um cookie. Eu fingia comer, e assim que meus pais se distraiam, eu escondia a comida na minha calcinha ou em calças largasReprodução/Twitter
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Era isso ou dar a um de seus três cães, para que eles não descobrissem a comida intacta na lata de lixo. Também jogava a comida na pia e mexia até dissolver.
— Quando fui para a nutricionista, bebi muita água para pesar mais. Ou eu usava um monte de anéis, relógios e pulseiras para ela não perceber que eu havia voltado a para perder pesoReprodução/Instagram
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Cada recaída vinha acompanhada por "uma enorme dor no peito".
— Eu queria morrer, eu pensava 'eu não sou boa, eu estou fazendo mal para todo mundo, para que ficar aqui se eu só trago problemas?' Eu não queria mais viver como vivia, achava que se morresse todos esses pensamentos iriam me deixar em pazReprodução/Twitter
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Hoje, aos 18 anos, ela diz que sente muito por tudo que perdeu.
— Eu não me importei em estudar, ter um namorado, sair, ter amigos, nadaReprodução/Twitter
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Pouco a pouco, Delfina aprendeu a falar, a colocar em palavras o que sentia.
— Eu comecei a encarar o que estava acontecendo comigo para me ajudar. Em vez de procurar informações na Internet para ver como ficar pior, eu comecei a olhar como ser melhor. Antes, 90% do meu dia passava pensando em comida, os outros 10% dormindo. Agora, quando esses pensamentos vêm, eu saio, vou ler, pintar, ouvir música, vou à terapia, ou chamo alguém que me quer bemReprodução/Twitter
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Apaixonar-se também fez a diferença.
— Eu costumava pensar só em mim, no que me magoava. Quando dei lugar ao amor, não deixei espaço para a doençaReprodução/Twitter
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— Eu olho para essas fotos e eu vejo uma menina triste, deprimida, uma adolescente que quer morrer. Hoje, embora não esteja inteiramente feliz com o meu corpo, eu prefiro lutar. Eu luto e quero seguir em frente. Quando eu olho no espelho vejo uma menina às vezes feliz, às vezes nem tanto, como todo mundo, né?
Reprodução/Instagram
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A tatuagem em seu antebraço é um lembrete de que ela provavelmente terá de lidar com sua doença pelo resto de sua vida. A mensagem é clara: 'Fique forte'
Reprodução/Instagram