Médicos recomendam esperar os três meses de gestação para dar a notícia
Getty ImagesDesde a descoberta da gravidez, boa parte do tempo da atriz Deborah Secco tem sido dedicaco à maternidade. O anúncio público se deu nos primeiros dias de gestação, e logo começaram a aparecer presentes, visitas a lojas especializadas e um chá de bebê. A atriz está esperando Maria Flor, sua primeira filha, e a gravidez acaba de ultrapassar os primeiros três meses.
A atriz quebrou sem receios uma das tradições mais comuns, que é as futuras mamães esperarem o fim do primeiro trimestre de gestação para anunciá-la. Mas, afinal, precisa mesmo esperar?
Para os especialistas, não existe regra. A expectativa de gerar um filho pode trazer ansiedade em toda a mulher. Se for a primeira gestação, é ainda mais comum.
Apesar das mudanças de comportamento, não há indícios científicos de que a ansiedade da mãe possa afetar o bebê, mas é importante ficar alerta aos sintomas, porque um quadro de grande ansiedade pode privar a mulher de curtir a sua gestação.
De acordo com a professora do departamento de ginecologia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) Rita Dardes, determinados fatores podem contribuir para algumas mães serem mais ansiosas que as outras. No caso de cobranças por causa do relógio biológico, de uma gravidez não planejada ou gravidez na adolescência, o quadro pode ser maior.
Para ela, o primeiro sinal dessa ansiedade é sair contando sobre a gravidez antes dos primeiros três meses.
— Existe um risco natural de aborto em 30% dos casos. A recomendação médica é contar para os amigos e familiares depois do terceiro mês. O grande problema neste caso, é lidar com a própria frustração e com a expectativa dos outros.
Outro problema é deixar que a ansiedade excessiva prive a mulher de curtir a gravidez. Para a dra. Poliani Prizmic, ginecologista e obstetra na clínica Dr. José Bento, mulheres que ficam muito ansiosas "não curtem a gestação".
— Na ânsia de saber se o feto está bem, a paciente sempre acha que está faltando algum exame, está sempre insatisfeita. Isso prejudica o pré-natal porque não se estabelece uma relação de confiança com o médico.
Dra. Poliani conta, ainda, que em quadros como esse, há mulheres se ferindo com beliscões e arranhões, com dificuldade para dormir, problemas no trabalho por conta da irritabilidade e, por fim, no relacionamento com o companheiro, que começa a ficar difícil, já que o parceiro não reconhece mais quem está ao seu lado. O tratamento é necessário, já que esse quadro psiquiátrico é favorável para uma depressão pós-parto.
Deborah Secco ganhou chá de bebê para a filha Maria Flor
Reprodução/InstagramMas dá para controlar a ansiedade?
Atividade física, evitar alimentos com cafeína, terapia, medicação, acupuntura e suplementação de vitaminas são algumas das dicas dadas pelas especialistas ouvidas pelo R7. Além disso, a psicóloga e doutora em ciências do comportamento Ana Carmen Oliveira acredita que a informação seja um fator determinante para amenizar a ansiedade, já que a mulher está entrando em um universo desconhecido.
— São muitas mudanças, físicas, hormônios, a vida muda, a rotina muda. Essas mudanças trazem medo, porque a mulher não sabe o que vai acontecer. Mesmo em uma gravidez desejada, é importante saber o que está acontecendo.
Grupos de apoio e o suporte do parceiro são fundamentais para reduzir a ansiedade. De acordo com Fernando Fernandes, médico psiquiatra e pesquisador do Programa de Transtornos do Humor do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo (USP), a falta de suporte familiar ou social também influencia para esse quadro. Além disso, Fernandes alerta que, mesmo não havendo evidências de que o comportamento das crianças pode ser afetado por ansiedade da mãe na gravidez, a criança que se desenvolve em um ambiente constantemente ansiogênico pode ser moldada por ele.
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