Às vezes é um desafio enorme ler os relatos de mulheres que me escrevem contando os mais variados problemas. Fico indignada ao ver como as mulheres têm pregado um discurso de empoderamento, mas na verdade, levam uma vida de aprisionamento.
Recebo uma quantidade enorme de mensagens de mulheres altamente endividadas por terem contratado empréstimos (sim, no plural) para quitar dívidas de “namoridos” que hoje nem sequer estão mais com elas. Coitados, eles estavam com o nome sujo e elas só quiseram provar o quanto são empoderadas e resolvem tudo!
Mulheres ficam endividadas por causa de homens
PixabayChega a ser assustador o número de mulheres que querem ser valorizadas, mas permitem que os “namoridos” façam de suas casas um hotel. Eles fazem check-in às sextas e check-out aos domingos ou às segundas pela manhã, dependendo do clima. Comem, bebem, assistem TV, tomam banho e, de quebra, levam roupa para elas lavarem e passarem. Descansados, bem alimentados e felizes com suas roupinhas em dia, eles voltam à vida de solteiro sem a menor cerimônia. Enquanto elas vão exaustas para o trabalho.
E é óbvio que tudo isso acontece sem que eles tenham que desembolsar nenhum centavo, afinal, a mulher moderna não precisa de homem nenhum que pague as suas contas, não é mesmo? Ao contrário, são elas que acabam pagando as deles!
Isso sem falar que eles são “super românticos” e querem sempre levá-las aos melhores restaurantes, não importa o preço. Chegando lá, eles já sabem que se derem uma de coitadinhos (ou de doidos mesmo) elas vão pagar a conta, pois o empoderamento feminino não permite de forma alguma que eles paguem. #girlpower!
Para piorar, depois que se casam (é “juntam” que fala?), elas não querem mais pagar as contas, nem ver o marido descansando em frente à TV aos finais de semana e, muito menos, lavar, passar e cozinhar.
Nisso, a pergunta que elas mais odeiam e que eles mais fazem é: “o que foi que mudou?” Afinal, se durante o namoro eles podiam, porque agora não podem mais? Onde está aquela mulher empoderada que bancava tudo e que nunca perguntou nada a respeito do dinheiro dele? Onde está a “namorida” que lavava, passava e cozinhava sem reclamar que ele não havia comprado nem sequer um saco de pão?
E, quando a coisa aperta e elas reclamam com mais empenho, eles usam a frase que mais parece um tiro de misericórdia: “você sempre soube que eu era assim”!
Quando a mulher posa de “super independente”, que não precisa de nada e ninguém, vai acabar sozinha para resolver tudo. Quando a mulher paga todas as contas está passando a mensagem de que ele não precisa fazer nada para estar com ela e, depois, fica muito difícil mudar essa dinâmica. Diante disso, o resultado não tem sido a valorização da mulher, mas sim, a exploração da mulher. E, como uma ex-explorada, posso falar com propriedade: não há explorador sem que haja explorado. Mulheres, abram os olhos.
Patricia Lages
É jornalista internacional, tendo atuado na Argentina, Inglaterra e Israel. É autora de cinco best-sellers de finanças e empreendedorismo, palestrante e conferencista do evento “Success, the only choice” na Universidade Harvard. Apresenta quadros de economia na TV Gazeta e RecordTV e é facilitadora da RME para o programa mundial WomenWill – Cresça com o Google.
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