A carta em que a criança diz que não gosta de celular
ReproduçãoA professora americana Jenn Adams Beason propôs uma tarefa diferente a seus alunos de sete anos: escreverem uma redação dizendo qual invenção gostariam que nunca tivesse existido.
Os resultados esperados eram aqueles textos curiosos, com a visão simples e ingênua que as crianças nessa idade costumam ter. Mas, um dos alunos surpreendeu Jenn ao escrever o seguinte texto:
“Odeio o telefone da mamãe. Eu gostaria que ela nunca tivesse um. Essa é uma invenção que eu não gosto.”
Para finalizar a redação, o aluno desenhou um celular com um X e uma carinha triste ao lado com os dizeres: “Eu o odeio.”
A professora publicou a redação do aluno em seu perfil do Facebook acompanhada das hashtags #getoffyourphones e #listentoyourkids, ou seja, #larguemseustelefones e #ouçamseusfilhos. Jenn não imaginava que a postagem seria compartilhada mais de 300 mil vezes e que fosse tema de diversas matérias de sites e jornais em várias partes do mundo.
Outros professores e pais de alunos em idade escolar aderiram à discussão sobre a falta de atenção com as crianças pelo uso excessivo da tecnologia e alguns relatos chamam a atenção, como o de uma das professoras:
“Discutimos em sala de aula a respeito do Facebook e todos os alunos foram unânimes em dizer que seus pais passam mais tempo nessa rede social do que conversando com eles.”
Muito se comenta hoje em dia sobre o vício que crianças e adolescentes estão desenvolvendo pela tecnologia, mas e quanto aos pais e responsáveis?
Uma pesquisa do Centro Médico de Boston, desenvolvida pela Dra. Jenny Radesky, estudou o comportamento de 55 pais e filhos em restaurantes. Dos 55 grupos observados, 40 pais passaram a maior parte do tempo usando o celular do que dando atenção aos filhos.
Também foi observado que, enquanto os pais permaneciam distraídos com o celular, os filhos apresentaram um comportamento pior, basicamente para atrair a atenção que não estavam recebendo.
Este texto não tem a intenção de criticar pais ou responsáveis, mas sim, de alertá-los sobre algo que tem sido comum, mas que tem prejudicado a educação e o desenvolvimento afetivo de seus filhos.
A comunicação entre pais e filhos é primordial para que se estabeleça uma relação de confiança, companheirismo e amor. Nenhuma escola, por melhor que seja, vai compensar a falta da educação dada pelos pais. Nenhum presente, viagem ou roupa, por mais caros que sejam, vai compensar a ausência dos pais.
Pense e responda para si mesmo: qual é a memória mais afetiva da sua infância? Ela está relacionada a um presente que você ganhou, a uma nota alta na escola ou a um momento simples que você passou ao lado de seu pai ou de sua mãe?
Seus filhos precisam criar memórias afetivas e eu espero que você esteja nelas.
Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.