Concurso é a chance de jovens modelos iniciarem uma carreira internacional
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Ser modelo sempre foi o sapatinho de cristal para muitas Cinderelas, meninas de famílias simples que cruzavam a passarela rumo a uma vida de luxo, glamour e riqueza.
A última lista da Forbes, no entanto, lança dúvidas sobre esse sonho de enriquecimento da moda. Gisele Bündchen, agora aposentada, não é mais a modelo mais bem paga do mundo, posto agora ocupado por Kendall Jenner. As irmãs Gigi e Bela Hadid, que também estão no top 10 da revista, também já eram ricas e famosas. Fenômenos como Adriana Lima, que nasceu em um bairro pobre de Salvador e tornou-se angel da Victoria’s Secret, são cada vez mais raros.
Kendall representa o sucesso feito à base de likes no Instagram
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Mas o desejo de ascensão social pelas passarelas se renovou na noite desta quinta-feira (7), em São Paulo, quandoi foi realizada mais uma final do concurso The Look of the Year. O concurso, promovido pela agência Joy, escolheu a nova top model brasileira. Vicky Santos, a ganhadora, poderá trilhar uma bem-sucedida carreira internacional.
Liliana Gomes, sócia da Joy, acredita que essas jovens de famílias ricas representam um novo movimento, ligado às redes sociais, e não impedem o advento de uma nova cinderela fashion.
— Modelo é uma profissão, vai sempre exigir meninas que tenham características específicas, e que fascinem pela beleza. Essas jovens como Kendall representam uma era diferente, a do Instagram, da fama nas redes sociais. Elas já nasceram nesse ambiente, vêm de família, e estão surfando na onda. É uma onda.
Liliana ressalta que os concursos são voltados para o mercado internacional de moda, com suas exigências rigorosas. E há um trabalho de pesquisa da agência para descobrir essas new faces.
— A maioria das meninas não sabe que é bonita. Muitas vezes ela é mais alta, mais magra, mais estranha do que as garotas da sua idade, e quando são descobertas, a vida delas muda. A profissão de modelo começa muito cedo, aos 16 anos, elas ainda não têm muita noção de si mesmas.
Monica Monteiro lembra que Gisele não caiu: "Ela se aposentou"
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Responsável pela carreira de Gisele Bündchen por 12 anos, Monica Monteiro faz questão de ressaltar que a saída da modelo do topo da lista da Forbes não é uma queda. E concorda que a ascensão dessas jovens de famílias ricas no mercado está ligada à fama no Instagram.
— A Gisele é muito grande perto de qualquer modelo e ela se aposentou. As outras podem brigar com as meninas que estão aí, mas a Gisele não está em queda, nunca esteve. O que causou muita mudança na moda, na venda, no comportamento foram as redes sociais. Antigamente, a modelo tinha de chegar a Nova York, fazer campanhas, capas de revistas. Com as redes, isso ficou gigante. E essas pessoas se dispuseram a abrir suas vidas no Instagram, despertando muito seguidores.
Com mais de 30 anos de mercado, Monica Monteiro, que hoje tem a própria agência, é categórica ao afirmar que as tops de hoje não são as melhores, mas as que têm mais seguidores. E lembra que, apesar de tudo, a profissão de modelo, principalmente as que fazem o chamado “comercial” (e não o “fashion”), ainda paga muito bem.
— Temos meninas que vão para Nova York, Miami, e ganham US$ 750 mil por ano. Elas não estão nas capas de Vogue, Elle, mas fazem, por exemplo, campanhas para Macy’s. A Paolla Oliveira, por exemplo, era uma menina simples, da zona Leste de São Paulo, que tornou-era a rainha dos comercias. Ninguém conhecia, mas ela ganhava muito bem, até entrar na Globo e hoje chegar aonde está, um dos maiores cachês da Globo. Ela é uma Cinderela.